Como apresentador do Oscar 2013 Seth
MacFarlane surpreendeu com humor ácido característico de seus roteiros. Foi
criticado por alguns e aclamado por outros. A maior e mais genial tirada de
MacFarlane na apresentação da cerimônia foi ao falar de Argo: “a história é tão confidencial que até hoje a Academia não
sabe quem dirigiu o filme”, numa clara referência a ausência de Ben Affleck na
categoria de melhor direção. Da mesma forma Ted recebeu críticas e elogios, com
um roteiro inovador e humor considerado politicamente incorreto. A estreia do
criador da animação Family Guy nos
cinemas traz fôlego novo ao gênero que estava há tempos sendo repetitivo e
juntamente com O Lado bom da Vida
formam as duas comédias mais inovadoras dos últimos anos.
Protógenes X Ted |
Ted, em seu lançamento, foi muito
polêmico, principalmente no Brasil quando o deputado Protógenes Queiroz levou
seu filho de onze anos para assistir o longa e ficou indignado com o conteúdo
que aborda o consumo de drogas e não possui requinte no vocabulário que abusa
de palavras de baixo calão. O filme descreve a relação de um menino solitário
recriminado por todos, inclusive pelos que sofriam bullying, e um urso desbocado que se tornou seu amigo, juntos
consomem drogas, participam de festas regadas a álcool. Após o embaraçoso
episódio com seu filho o deputado sugeriu a proibição das exibições do filme no
Brasil, o que ficou ainda mais embaraçoso, pois a indicação do longa de MacFarlane
estava com a classificação acima de dezesseis anos. Após todo o rebuliço
Protógenes Queiroz resolveu considerar apenas a modificação da classificação
indicativa para maiores de dezoito anos. Ambas foram negadas.
Seth MacFarlane dubla Ted |
Outro motivo de polêmica trata da,
aparentemente, apologia às drogas e o modo de vida hedonista. No entanto, o
filme passa longe disso e ao invés de apológico é crítico. A Teoria do Apego do
psiquiatra e psicanalista britânico John Bowlby descreve que um recém-nascido
precisa desenvolver um relacionamento com pelo menos um cuidador primário para
que seu desenvolvimento social e emocional ocorra normalmente. A ausência desse
símbolo cria um ser sem parâmetros morais e sociais e em muitos casos surgem dessa
deficiência delinquentes e usuários de drogas. John Bennett (há uma curiosa semelhança
com o nome do autor da Teoria do Apego e o protagonista de Ted), vivido por
Mark Wahlberg, foi isolado por seus colegas e viu em Ted (dublado pelo próprio
MacFarlane) o amigo perfeito a quem logo se apegou. Temos aqui uma crítica em
relação a educação liberal dada pelos pais e a falta de acompanhamento da vida
dos filhos ao serem liberais cria seres sem parâmetros que incorporarão os
modelos adotados por aqueles que estiverem mais próximos deles, como os amigos,
por exemplo.
Ted, John e Lori |
O hedonismo presente na obra não faz
apologia ao modo de vida que visa apenas prazer sem regras e dessa forma
encontra a felicidade. É o olhar irônico do roteirista MacFarlane (que além do
roteiro e dublagem também foi o diretor) debochando desses costumes bizarros de
rotular as coisas com o que elas se assemelham sem entender sua real função
social. Nesse ponto surge um elemento primordial para o entendimento dessas
questões: a namorada de John, Lori Collins (Mila Kunis), que surge como representação
da vida adulta e nos remete à perda da inocência. Trata-se de uma trama
primária: John é um menino solitário que se apega a um urso sem pudores que lhe
ensina os valores morais e éticos. Ambos se divertem ao extremo em uma vida
hedonista, o que contraria a maturidade (Lori) transformando o relacionamento entre
John e Lori em uma intensa briga de egos.
Confira o trailer:
Enfim, podemos ser felizes e populares
entre as pessoas, mas não atingiremos a plenitude da vida se não desabrocharmos
nossa maturidade. O final feliz do filme vai de encontro com a verdade sugerida
pelo contexto da história: devemos encarar nossos problemas, abandonar velhos
hábitos para nosso crescimento e desenvolver valores sólidos que servirão de
parâmetro para aqueles que buscarão em nós seu porto seguro.
E que o cinema esteja conosco!
Eu gostei do filme.....gostei mesmo.
ResponderExcluirA falha é que alguns vão aos cinemas e não buscam informações sobre o que irão assistir..........e ai................
Olá Renato! Eu gostei muito, é uma das belas surpresas em comédia dos últimos anos, no início torci o nariz, mas a criatividade de Seth MacFarlane falou mais alto! O ponto negativo são essas pessoas, que como você disse, não procuram saber sobre o filme e depois querem criticar deixando uma imagem ruim.
ExcluirAbraço!
Puxa! Não tinha nenhum interesse em ver esse filme até ler o seu texto! Ainda não tinha lido nenhuma crítica a respeito e pensava que fosse só mais um daqueles filmes bobos. Agora fiquei com vontade de ver!
ResponderExcluirÉ um filme muito bom! Foi-me uma grata surpresa! Espero que goste!
ExcluirAbraço!
Essa história do deputado é hilariante. Que idiota!
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