9 de janeiro de 2013

Os Irmãos Grimm (2005)


Em 2005 Terry Gilliam dirigiu Os Irmãos Grimm (The Brothers Grimm) que não diferente de seus filmes anteriores, tem uma magia que ultrapassa nossa compreensão, assemelhando-se aos sonhos. Essa magia foi a força motriz que levou os verdadeiros Irmãos Grimm a escreverem seus contos de fadas. Dia 20 de dezembro comemoraram-se exatos 200 anos do lançamento dos Contos dos Irmãos Grimm, repleto de sonhos, magia e aventura. Conheçam um pouco mais sobre esses irmãos, que se não foram os mais adaptados para o cinema estão entre os maiores.

Na obra de Gilliam os irmãos Wilhelm (Matt Damon) e Jacob Grimm (Heath Ledger) são conhecidos por caçar demônios e seres de outro mundo, mas tudo não passa de farsa para conseguirem dinheiro fácil. Até que um dia se deparam com um ser misterioso acusado pelo desaparecimento de donzelas em uma floresta encantada. Embrenharam-se na mata à procura do ser. Destaque para a atuação da bela Monica Belluci como rainha do espelho. O roteiro ficou por conta de Ehren Kruger, conhecido por filmes como O Chamado, Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian e Transformers de 2009 e 2011.

Irmãos Grimm
A relação entre os verdadeiros Irmãos Grimm e a versão de Gilliam seriam as adaptações, eles reescreviam histórias antigas do folclore ou tradição oral, assim como Shakespeare fez em quase todas as suas obras, no filme os irmãos recriavam lendas do folclore de cada região de forma mecânica e eram chamados para resolvê-las, o que os garantia fama e sustento.

Os Irmãos Grimm, responsáveis por inúmeros contos de fadas que transcenderam a história, nasceram na Alemanha e deram enorme contribuição à língua alemã com O Grande Dicionário Alemão e estudos de linguística e folclore locais. Influenciados por Goethe e Schiller a primeira publicação de seus contos em conjunto se deu em 1812.

Branca de Neve. Trata-se de um conto de fada originário da tradição oral alemã compilado pelos Irmãos Grimm que em sua forma original possui algumas diferenças das versões conhecidas nos dias de hoje,a rainha tenta matar Branca de Neve por três vezes e não é o beijo do príncipe que a acorda e sim um tropeço de sua carruagem que faz com que o pedaço de maçã que estava engasgado em sua garganta saísse, ela e o príncipe se casaram. Este convidou a rainha má para a festa, que morrendo de inveja foi castigada e ao sair da festa, tropeçou em um par de botas de ferro que estavam quentes, seus pés ficaram presos às botas e ela dançou até cair morta.

Branca de Neve Disney
No cinema Branca de Neve teve inúmeras adaptações, a versão feita por Walt Disney em 1937 ganhou um Oscar especial e teve a personagem principal inspirada em Hedy Lamarr, considerada a mais bela do mundo na época. Este ano Branca de Neve teve duas versões, Branca de Neve e o Caçador que se aproximou muito da versão original da história, trazendo Kristen Stewart no papel principal e diferentemente de outras versões o caçador, Cris Hemsworth, apaixona-se por ela. E Espelho, Espelho Meu, com Julia Roberts e Lily Collins. A versão mais divertida foi realizada por Roberto Gómez Bolaños, intitulada de Branca de Neve e os Sete Churi Churin Chun Clain e foi um marco para minha infância assim como a versão de Walt Disney, ambas excediam na beleza e pureza dos personagens. As versões enlatadas de hoje perderam o significado e sentido da magia dos sonhos com que estas obras foram compostas.

Cinderela é um dos contos mais populares do mundo, os relatos mais antigos datam da China por volta de 860 a.C., as versões mais conhecidas são de Charles Perrault e dos Irmãos Grimm. Cinderela foi transformada por sua madrasta em uma serviçal, e teve todo tipo de empecilhos impostos por ela e por suas irmãs para não ir ao baile que o Rei anunciou com o intuito de escolher uma esposa para o príncipe.De uma de suas lágrimas surgiu sua fada madrinha que com magia criou um lindo vestido para ela e também transformou uma abóbora em carruagem. Ao sair apressada do baile deixou cair um de seus sapatos de cristal, o príncipe que se encantara com ela foi à casa de todas as mulheres do reino em busca de Cinderela, colocando o sapato de cristal em todas com a esperança de encontra-la. Quando já estava sem ânimo avistou uma moça na janela do sótão, no qual sua madrasta a havia trancado, e ordenou que a libertassem. O sapatinho de cristal serviu e eles se casaram.

A Origem
Este conto é visto pelos psicanalistas como uma espécie de arquétipo fundamental do homem. Teoria utilizada por filósofos neoplatônicos designando as ideias como modelos de todas as coisas. Seria como se o molde de nosso amor estivesse presente em nossa ideia, quando nossos olhos cruzam com os olhos desse amor, a ideia torna-se realidade. Como ideias plantadas em nossa mente pelo criador, semelhante ao roteiro de A Origem, de Nolan. É curioso pensar que dessa forma teríamos uma espécie de destino traçado, mas gosto de pensar que nossa vida é um trem e o trilho que seguimos pode ser seguido (destino), como também pode ser ignorado por nós. A ideia de arquétipo nos remete à psiquê humana e seu natural anseio de ser segura e especial.

Drew Barrymore como Cinderela
Inúmeras versões foram feitas utilizando Cinderela como pano de fundo. Sucesso de bilheteria dos anos 90, Uma Linda Mulher, estrelando Julia Roberts e Richard Gere, segue a mesma linha do arquétipo de Cinderela. Walt Disney produziu em 1950 uma animação que recentemente ganhou duas continuações (Cinderela II, 2002 e Cinderela III Uma Volta no Tempo, 2007). Destaque para o longa de 1998: Para Sempre Cinderela, que é a versão da história contada aos Irmãos Grimm pela Rainha da França, estrelando Drew Barrymore. Este ano será lançado uma nova releitura do conto de fadas, com Amanda Seyfried no papel de Cinderela.

Chapeuzinho Vermelho
Chapeuzinho Vermelho é provavelmente uma das fábulas mais conhecidas de todos os tempos. A história abrange a aventura de uma menina com capa vermelha que atravessou uma floresta levando doces para sua avó. No meio do caminho encontrou um lobo após ter tomado um atalho. O lobo devora sua avó e fica no lugar desta aguardando a chegada de Chapeuzinho Vermelho. É clássico o diálogo do Lobo com Chapeuzinho: - Por que esses olhos tão grandes? – São pra te ver melhor. – Por que essas orelhas tão grandes? – São para te ouvir melhor. – Por que essa boca tão grande? – É pra te devorar! Nesse instante um caçador que por ali passava entra na casa da vovozinha e abre a barriga do lobo retirando a avó e a menina.

Existem inúmeras interpretações acerca desse conto, um deles denota um caráter sexual. A floresta escura simboliza a inocência da mulher e o lobo ameaça sua mácula, sendo representado por um homem mais velho e galante que a seduz.  O assédio é comprovado pelo disfarce que o lobo se submete, passando-se pela avó da menina. Há também a teoria dos dois caminhos. No início da história Chapeuzinho pode escolher entre o caminho longo e seguro e o caminho curto e perigoso. Surge nesse ponto um arquétipo cristão de moralidade, sendo o caminho difícil considerado o sacrifício essencial para uma vida de virtudes e sabedoria, já o caminho fácil é o do vício que leva à perdição.No cinema Amanda Seyfried já interpretou esse papel no suspense A Garota da Capa Vermelha.

Homenagem do Google aos Irmãos Grimm


Outras obras dos Irmãos Grimm merecem destaque como o clássico João e Maria, que conta a história de irmãos que se perderam em uma floresta e encontraram uma casa feita de doces cuja dona era uma bruxa que pretendia devorá-los. A versão dos Grimm conta que a mãe dos dois convenceu o pai a abandoná-los na floresta e quando matam a bruxa a própria mãe também morre, pois ambas seriam a personificação da mesma pessoa. Podemos citar também Rapunzel, Rumpelstiltskin, A Bela Adormecida, O Príncipe Sapo entre outros, quase todos foram adaptados para o cinema, principalmente pela Walt Disney.

Confira o trailer:


O ex Monty Python Terry Gilliam
Após todas essas mudanças os contos de fadas tornaram-se o que são hoje, meigos e voltados ao público infantil, mas essa proximidade com um mundo não tão amigável pode ter influenciado Gilliam na realização de sua versão, adaptando trechos e incluindo um universo de seres e mistérios.

Que o cinema esteja com vocês!





3 comentários:

  1. Obrigada pela visita e comentário no meu espaço na obvious.

    Deixo aqui o link do meu blog: www.peliculacriativa.blogspot.com.br

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  2. Assisti este filme no cinema, e achei muito bacana, principalmente por não contar uma estória adocicada, mas sim colocar elementos de perigo e sombra, como acontece na forma original dos contos folclóricos. Escolhi este filme por ter como diretor o Terry Gilliam, que fez parte do Monty Python. A sequência do pequeno monstro de lama, no filme, me fez pensar na música "Moribund the Burgermeister", do Peter Gabriel, que contém na letra uma imagem parecida.

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    1. Assisti por ser do Gilliam, como você citou, do lendário Monty Python e por ter dois atores incrpiveis, Damon e Ledger. Não tinha notado essa semelhança de Gabriel e aquela cena, e é verdade, lembra mesmo.

      Abraço!

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