Spike Jonze nos apresenta a um mundo
futurístico não muito distante, talvez tecnologicamente sim, mas do ponto de
vista da isolação do personagem não. Her (Ela, no Brasil e Uma História de Amor, em Portugal) é ambientado em Los Angeles em um
futuro no qual os sistemas operacionais possuem inteligência artificial,
ressaltando que a artificialidade robótica supera nossa inteligência prática.
Theodore Twombly (Joaquin Phoenix) escreve cartas para casais que vivem
separados pela distância, com a tecnologia ele apenas dita as cartas e o
computador as redige. Separado há um ano de sua esposa Catherine (Rooney Mara)
possui apenas dois amigos Amy (Amy Adams) e Paul (Chris Pratt), sua solidão é
quebrada quando adquire um SO1,
sistema operacional que organiza e-mails, agenda pessoal e possui inteligência
artificial, autodenominada Samantha (voz Scarlett Johansson) ela conquista
Theodore que paradoxalmente deixa de ser solitário.
Ao mesmo tempo em que as redes sociais
aproximam as pessoas elas criam muros que nos separam, o romance exibido em Ela entre Theodore e Samantha é a prova
disso, deixamos de nos apegar às pessoas e ficamos reféns da imagem que elas
nos representam. Você, caro leitor, que ao dedicar seu tempo a ler essas mal
traçadas linhas está deixando o mundo real de lado para embrenhar-se em um
mundo idílico e utópico. E é o que criamos em nossos perfis das diversas redes
sociais, idealizamos personagens e os interpretamos deixando que eles assumam
nossa vida como protagonistas.
Confira o trailer:
Até que ponto a solidão nos repele das
pessoas? Quanto mais só ficamos mais queremos ficar, quando o correto seria o
contrário. Nossos contatos de redes sociais virtuais deveriam agir para nos aproximar
quando o que observamos também é o contrário, adquirimos gosto em nos comunicar
com outras pessoas pelas telas e teclados eliminando o contato físico e o calor
humano. A evolução dos softwares além de trazer Inteligência artificial deverá
vir com a energia que emana de nosso corpo, dessa forma poderemos nos encerram
em uma misantropia sem fim e completamente paradoxal.
Spike Jonze |
Todas essas nuances que soam juvenis
são expostas de forma muito adulta no filme de Spike Jonze que concorre a cinco
prêmios no Oscar 2014 e é o favorito no quesito melhor roteiro original,
escrito também por Jonze. Essa correria maluca de nosso dia-a-dia nos afasta
cada vez das pessoas que escolhemos para compartilhar nossa vida. A tecnologia
surge como solução para a aproximação mesmo em lugares e circunstâncias
impensáveis, mas a dúvida do sucesso dessa proximidade é proeminente: é
possível que o mundo virtual supere nosso mundo real?
Que o cinema esteja com vocês ainda
que da tela de um computador!
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