25 de fevereiro de 2014

Ela (2013)

Spike Jonze nos apresenta a um mundo futurístico não muito distante, talvez tecnologicamente sim, mas do ponto de vista da isolação do personagem não. Her (Ela, no Brasil e Uma História de Amor, em Portugal) é ambientado em Los Angeles em um futuro no qual os sistemas operacionais possuem inteligência artificial, ressaltando que a artificialidade robótica supera nossa inteligência prática. Theodore Twombly (Joaquin Phoenix) escreve cartas para casais que vivem separados pela distância, com a tecnologia ele apenas dita as cartas e o computador as redige. Separado há um ano de sua esposa Catherine (Rooney Mara) possui apenas dois amigos Amy (Amy Adams) e Paul (Chris Pratt), sua solidão é quebrada quando adquire um SO1, sistema operacional que organiza e-mails, agenda pessoal e possui inteligência artificial, autodenominada Samantha (voz Scarlett Johansson) ela conquista Theodore que paradoxalmente deixa de ser solitário.


Ao mesmo tempo em que as redes sociais aproximam as pessoas elas criam muros que nos separam, o romance exibido em Ela entre Theodore e Samantha é a prova disso, deixamos de nos apegar às pessoas e ficamos reféns da imagem que elas nos representam. Você, caro leitor, que ao dedicar seu tempo a ler essas mal traçadas linhas está deixando o mundo real de lado para embrenhar-se em um mundo idílico e utópico. E é o que criamos em nossos perfis das diversas redes sociais, idealizamos personagens e os interpretamos deixando que eles assumam nossa vida como protagonistas.

Confira o trailer:


Até que ponto a solidão nos repele das pessoas? Quanto mais só ficamos mais queremos ficar, quando o correto seria o contrário. Nossos contatos de redes sociais virtuais deveriam agir para nos aproximar quando o que observamos também é o contrário, adquirimos gosto em nos comunicar com outras pessoas pelas telas e teclados eliminando o contato físico e o calor humano. A evolução dos softwares além de trazer Inteligência artificial deverá vir com a energia que emana de nosso corpo, dessa forma poderemos nos encerram em uma misantropia sem fim e completamente paradoxal.

Spike Jonze
Todas essas nuances que soam juvenis são expostas de forma muito adulta no filme de Spike Jonze que concorre a cinco prêmios no Oscar 2014 e é o favorito no quesito melhor roteiro original, escrito também por Jonze. Essa correria maluca de nosso dia-a-dia nos afasta cada vez das pessoas que escolhemos para compartilhar nossa vida. A tecnologia surge como solução para a aproximação mesmo em lugares e circunstâncias impensáveis, mas a dúvida do sucesso dessa proximidade é proeminente: é possível que o mundo virtual supere nosso mundo real?

Que o cinema esteja com vocês ainda que da tela de um computador!


Her (2013) on IMDb

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