O novo filme do queridinho de
Hollywood - David O. Russel - causou alvoroço entre críticos e amantes de
cinema. Tanto pelas dez indicações recebidas ao Oscar desse ano, quanto pela
comparação à obra anterior – e superestimada, diga-se de passagem – do
cineasta. É inevitável que realizemos comparações entre American Hustle (Trapaça
no Brasil; Golpada Americana em
Portugal) e O Lado Bom da Vida que
repercutiu da mesma forma na edição anterior do Oscar. Elevar Trapaça ao mesmo patamar de 12 Anos de Escravidãoe Gravidade trata-se, no mínimo, de um
erro de cálculo. A obra estrelada por figuras já conhecidas da cinematografia
de Russel como Amy Adams, Christian Bale, Bradley Cooper, Jennifer Lawrence e
Robert De Niro, ganhou status de
superprodução após o lobby de Harvey
Weinstein, que também conduziu a obra anterior de Russel e ainda que não seja
um filme que mereça tantos méritos (O Lado
Bom da Vida recebeu oito indicações ao Oscar 2013 levando uma estatueta) é
melhor que Trapaça.
Cooper e Bale
A comédia American Hustle gira em torno do golpista Irving Rosenfeld (Bale),
que teve seu personagem inspirado em Melvin Weinberg, que se vê obrigado a ajudar
o FBI após ser descoberto pelo agente Richie DiMaso (Cooper). Ele e sua amante
Sydney Prosser (Adams) que se passa pela Lady Edith Greensly são escalados para
cooperar com a operação ABSCAM que visa desmascarar um grupo de políticos,
entre eles o prefeito da pequena Camden, Nova Jérsei. Carmine Polito (Jeremy
Renner) teve seu personagem inspirado em Angelo Errichetti e torna-se amigo
íntimo de Rosenfeld o que transforma a trama em um conto moral, no qual vence
quem conseguir esconder melhor sua imoralidade. Este é um dos poucos méritos da
obra que ainda conta com Jennifer Lawrence no papel da esposa de Bale, Rosalyn
Rosenfeld, e Robert De Niro que rouba a cena em uma curta aparição no papel do
mafioso Victor Tellegio.
Bastidores de Trapaça
Bale quase imita seu papel em O Vencedor, mas sem brilho algum.
Lawrence é ainda mais sem graça do que foi no papel que lhe rendeu o Oscar. Russel
conduz o filme como um allegro ma non troppo,
com leves doses de humor, mas com andamento vagaroso e entediante. O roteiro
escrito por ele em parceria com Eric Warren Singer safa-se no fim e as atuações de Amy Adams, Bradley Cooper e
Jeremy Renner são o ponto alto do longa, mas nem tão alto assim. Apostando no
humor negro que o consagrou Russel constrói um filme Sessão da Tarde com o diferencial de ter caído nas graças de críticos
e fãs. Além da aparição de De Niro e uma cena ao som Miles Davis o resto é
história mal contada.
Resta saber até que ponto o prestígio
de David O. Russel o levará, de cineasta problemático ao único a conseguir
elencar quatro atores nas categorias principais do Oscar por duas vezes
seguidas, será implicância, genialidade ou acaso? Os próximos capítulos dessa
novela nos dirão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Expresse sua opinião: