22 de dezembro de 2012

Dexter – Surprise, Motherfucker


No último domingo foi exibido pelo canal Showtime o último episódio da sétima temporada de Dexter, com o título: Surprise, Motherfucker. Quando li o anúncio desse episódio, lembrei-me de James Doakes, que costumava chamar Dexter de motherfucker. O próprio Michael C. Hall declarou que ele iria aparecer de um jeito ou de outro, com isso a expectativa em relação ao último episódio aumentou. E sem dúvida foi a temporada mais emocional de todas e aborda a queda das máscaras. O roteiro segue uma linha socrática: conhece-te a ti mesmo!

Surprise Motherfucker
Quando as máscaras caem, por mais que conheçamos alguém profundamente, ele se torna um completo estranho. A frase dita por Dexter em um dos episódios sintetiza essa reação: “nada mudou, eu sou o mesmo.” Ao que seu interlocutor reage: “tudo mudou, nada será como antes.” É estranho pensar que é impossível conhecer alguém de verdade. No mais profundo do âmago de cada um sempre haverá sentimentos e pensamentos ocultos, alguns até para a própria pessoa. Isto porque todos nós usamos máscaras.

O que fazemos quando não tem ninguém olhando? Ou quando quem nos observa não fica vivo para contar a história? Isso pode soar assustador se pensarmos em assassinos em série, mas torna-se um clichê se encararmos como tema de canções de pop/rock como a do Capital Inicial. A descoberta de outro ser em alguém que acreditamos conhecer é tão assustadora que nos leva a pré-conceitos enraizados de tal maneira que é impossível separar o joio do trigo sem julgamentos e com a mente abstraída. Utilizamos tantas máscaras que não sabemos nem quem somos de fato.

A canção Além da Máscara do grupo Pouca Vogal diz em sua primeira estrofe: “Agora que a Terra é redonda e o centro do Universo fica em outro lugar [...]” A Terra sempre foi redonda, mas quantas vezes questionamos isso lá atrás, na época de Ptolomeu e Galileu? Quantas vezes chamamos as coisas por seu nome certo? Existem tantas máscaras que encaramos de mascarado até o que possui a face nua.

O amor é discutido de uma forma pouco romântica. Dexter se questiona se será possível alguém amá-lo sabendo quem ele é. Sem considerar os vícios sociais e impressões causadas por nossos juízos de valor. Isso tudo tem origem no medo e em nossa natureza de origem segregadora, que se abstém do preconceito racial, mas se alimenta dos padrões comportamentais. Somos introduzidos em grupos sociais que se assemelham a nossos valores e aqueles que não se enquadram são excluídos desse grupo. Fato esse que aliena aqueles que possuem algum desequilíbrio mental, sendo o principal fato gerador de assassinos em série, que ao sentirem-se de fora do círculo buscam na violência uma forma de vingança.

Outro assunto abordado é o modo como encaramos as coisas que nos são desconhecidas. Chamamos de monstros, fantasmas ou alienígenas aos assassinos hediondos, como Dexter. É inconcebível que um humano cometa crimes dessa natureza, por isso os rotulamos como seres fantásticos. Nossa sociedade está fechada em suas crenças, sejam elas absurdas ou não. Desta forma ignoramos tudo que é diferente do que acreditamos ser o padrão ou está fora de nosso círculo compreensível. É um meio de se prevenir de um possível sofrimento, mas também nos priva de descobertas. O episódio Argentina tem um destaque lírico nessa trama filosófica, ele discute o porto seguro de cada um, o padrão elegido por nós para nos sentirmos felizes e seguros.

Hannah McKay
Dexter começa a amadurecer seu lado instintivo compreendendo seu Dark Passenger. Sua esquizofrenia dá sinais dela mesma em si própria, ele inicia um processo de responsabilidade por seus atos, que antes era empurrado para seu passageiro sombrio ou tornava-se invisível por meio de suas visões esquizofrênicas. Todas essas descobertas comportamentais levam o telespectador a um atordoamento de revelações tal qual um Helter Skelter. Novas suspeitas em relação ao Bay Harbor Butcher, um chefe da máfia ucraniana perseguindo Dexter e ele próprio dividido entre sua razão e emoção, dão um andamento acelerado e eletrizante à série. Destaque para a nova personagem Hannah McKay, interpretada por Yvonne Strahovski, conhecida por atuar no seriado Chuck.


E que o cinema esteja com vocês!

3 comentários:

  1. não li o post para evitar spoilers, só o início... e fiquei com vontade de voltar a assistir Dexter. eu achei as duas primeiras temporadas excelentes, mas a terceira me desanimou um pouco

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    1. Realmente as duas primeiras são muito boas, a sexta melhorou bastante e a sétima encara uma nova perspectiva. Trata da relação comportamental de Dexter com ele mesmo. A série ficou bem introspectiva.

      Abraço Bruno, volte mais vezes.

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  2. Como te disse no post de O PALHAÇO, tenho sérios problemas com séries. Geralmente eu assisto uma ou duas temporadas de cada (acho que MAD MEN, SUPERNATURAL, LOST, PRISON BREAK e FRIENDS foram as únicas de assisti tudo do que fizeram até agora). A maioria delas eu começo mas vou perdendo o interesse, e aí vem uma certa culpa, um martírio por abandoná-las. Com DEXTER aconteceu o mesmo. Vi 3 temporadas. Nem comecei a quarta.
    Um abraço, Emerson!

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