Dexter é um seriado do gênero drama
originário do livro A Mão Esquerda de Deus (Darkly
Dreaming Dexter) de Jeff Lindsay. Dexter Morgan (Michael C. Hall) é um
perito forense especialista em padrões de dispersão de sangue do Departamento
de Homicídios da Polícia de Miami.Valendo-se desses fatos ele alia seu modo
meticuloso e sistemático para matar criminosos que a polícia não pôde trazer à
justiça. Ele organiza seus assassinatos em torno do “Código de Harry”, um
apanhado de regras e procedimentos desenvolvidos por seu pai adotivo, Harry
(James Remar), para garantir que seu filho nunca seja pego e assegurar que ele
mate apenas outros assassinos. Harry também ensinou a Dexter como viver em
sociedade apesar de ser um sociopata, ensinamentos que surgem como flashbacks
no decorrer da série que já chega a sua sétima temporada.
Dexter tem um perfil semelhante ao de
Hannibal Lecter, após sofrer um trauma quando tinha 03 anos de idade ele se
torna um assassino em série. Clássico de distúrbios mentais desse gênero. Mas
Dexter tem um diferencial, o mesmo que John Nash que compreende sua
esquizofrenia, ele entende o que faz e se baseia no Código de Harry para
justificar suas escolhas como certas, acreditando equilibrar o Universo com
seus atos, uma espécie de justiceiro divino.
Uma das manias de Dexter é colecionar
o sangue de suas vítimas, é o primeiro passo antes do derradeiro golpe, ele
coleta o sangue e o deposita em uma plaqueta de vidro, como se fosse um troféu.
No decorrer de nossa vida colecionamos muitas coisas: livros na estante,
títulos na parede, bens materiais em nosso ego ou sabedoria em nossa mente. O
próprio texto que você lê agora (arrepios) é uma coleção de coisas que armazeno
nesse blog. De tempos em tempos deixamos de gostar de alguns desses artefatos e os
trocamos por outros mais interessantes.
Personagens de Dexter |
O interesse de Dexter no
relacionamento humano o transformou em um psicanalista de primeira e entoa o
fato de que para se tornar especialista em algo não podemos nos envolver com
nossos sentimentos,a verdade torna-se nítida quando nos distanciamos dela.
Dexter passa longe de ser um seriado sobre morte e violência, ele vai fundo no
comportamento humano e nos desnuda de uma forma que os arrepios surgem não por
medo, mas por vergonha de sermos quem somos. O núcleo que serve de base para os
estudos de Dexter sobre o comportamento humano é formado por seus colegas de
trabalho. Sua irmã, Debra Morgan, interpretada por Jennifer Carpenter, que
chegou a ser esposa de Michael C. Hall na vida real por dois anos, o
relacionamento foi interrompido em 2010, sua personagem é uma detetive
desbocada e problemática, única afeição verdadeira de Dexter. Rita Bennet
(Julie Benz) fecha o ciclo familiar interpretando sua namorada, sempre amorosa
e disposta a ajudar ou acreditar nas desculpas dele quando questionado sobre
seu paradeiro. Maria LaGuerta é a tenente da Miami Metro Homicide e é
interpretada por Lauren Vélez. Angel Batista (David Zayas), James Doakes (Erik
King) e Vince Masuka (outro desbocado e com gosto duvidoso para piadas),
interpretado por C. S. Lee, fecham o núcleo da polícia de Miami.
A primeira temporada é a mais
meticulosa, mostra um Dexter indeciso sobre sua natureza assassina e a relação
de afeto com sua namorada carente e sua irmã problemática. Apresenta-nos um assassino
frio e em busca da perfeição que se vê desafiado por seus valores morais,
afetivos e selvagens.Um Shakespeare adolescente em formação de caráter e em
atrito com o amor e a própria existência: Ser ou não ser, eis a questão!
Destaque para a atuação de Christian Camargo. Em minha opinião é a melhor
temporada em conjunto com a sexta.
A segunda temporada expõe a tênue
linha entre Dexter e seu Dark Passenger (Passageiro Sombrio). Aqui ele está
mais uma vez em xeque e todos estão à sua procura, inclusive ele mesmo em um
dilema interior. A busca pelo “açougueiro” que desova suas vítimas a bordo do
Slice of Life (fatia de vida – literalmente), traz o agente do FBI Frank Lundy,
conhecido pela competência em crimes em série. Dexter está dividido entre a
necessidade de matar e a necessidade de afeto que começa a brotar dentro de si.
Até então tudo que ele fazia era considerado certo por ele, mas começam a surgir
dúvidas sobre seu comportamento de lobo solitário. Como se o muro erguido por
ele para acobertar seus crimes estivesse alto demais e a sombra projetada o
encobrisse aos poucos. Como uma canção de rock progressivo que grita Hey You do
outro lado do muro, Dexter não sabe de qual lado está.
Na terceira temporada Dexter resolve
se abrir para alguém e busca uma amizade sincera (da parte dele), conhece então
Miguel Prado, um promotor influente da cidade de Miami. Mas ele se defronta com
o Código de Harry e com seus próprios princípios, principalmente o de não
confiar em ninguém. Com uma entonação cristã que ao mesmo tempo em que pede
para que amemos uns aos outros nos diz que maldito o homem que confia em outro
homem. Tom este que volta a ser abordado na sexta temporada. É interessante
notar a inclinação de Dexter à esquizofrenia tendo nas visões de seu pai o
principal indício.
A quarta temporada revela um serial
killer com mais experiência que o próprio Dexter, que faz com que este o admire
e tente uma aproximação para descobrir seu segredo de longevidade criminal e de
como ele se relaciona com sua família, que o desconhece como assassino.
Interpretado por John Lithgow – Arthur Mitchell é conhecido por Trinity e
ganhou o Scream Awards de melhor vilão por seu papel no seriado. Ele é uma
antiga obsessão de Frank Lundy que retorna à série para investigar as mortes
relacionadas a Trinity. O desfecho surpreendente desta temporada nos remete a
um roteiro dos irmãos Coen, no qual a casualidade dos fatos muda todo o resto e
telespectador é pego desprevenido sendo o último a saber. Confesso que passei o
ano todo aguardando pela próxima temporada por não acreditar nos fatos relatados
no término desta temporada. Mas o “Efeito Coen” não se fez errado.
A quinta temporada aborda as perdas
que sofremos e como lidamos com entes queridos que se vão. Tudo isso através da
análise vertiginosa de Dexter Morgan. Julia Stiles (Trilogia Bourne) integra os
personagens da série interpretando a misteriosa Lumen Pierce, seu passado
sombrio envolve Dexter em um romance perigoso. Outro personagem que estréia nesta
temporada é Jordan Chase, vivido pelo ator Jonny Lee Miller, um guru executivo
que vende sua vitória com mensagens de auto-ajuda. Dexter se vê dividido
novamente, entre as perdas e as coisas que deixamos pelo caminho e sua nova de
pai. A presença de Stiles nessa temporada me empolgou, mas acabou sendo um
pouco óbvia.
A sexta temporada denota um requinte de
crimes superior às temporadas anteriores. Entra em cena o Assassino do
Apocalipse. O professor Gellar e seu auxiliar Travis, interpretado por Colin
Hanks, pregam o início do Apocalipse divino em uma temporada voltada para o
lado espiritual da vida. Dexter se vê em dúvida sobre suas crenças ou a
ausência delas. Mos Def vive o irmão Sam, novo amigo de Dexter que o ajuda em
relação a fé. Temporada arrasadora e com um final insuperável que aumenta a
adrenalina e expectativa em relação à sétima temporada que já caminha para o
penúltimo episódio e ganhará um texto só dela na próxima semana às vésperas de
seu encerramento.
Que o cinema esteja com vocês!
Amo Dexter...o final da quarta me fez chorar......eu e minha esposa. lindo, poético e killer.
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