Uma das maiores injustiças cometidas
pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela entrega do
Oscar, foi elevar Guerra ao Terror como maior vencedor do prêmio de 2010
conquistando 06 estatuetas, entre elas as mais importantes: melhor filme,
direção e roteiro original. Enquanto Avatar garantiu apenas 03 prêmios, todos
de ordem técnica. O que levou Guerra ao Terror ao topo da premiação não foi o
lado artístico, mas sim o apelo político do longa.
Após a posse de Barack Obama, em 2009,
as especulações sobre o término da Guerra do Iraque ganharam corpo, fruto da
própria promessa do presidente dos Estados Unidos. A invasão do Iraque começou
no início de 2003 com o argumento de que o país do oriente médio estava
desenvolvendo armas de destruição em massa, ameaçando a segurança mundial,
outra frente defendia que Saddam Hussein estava ligado com a Al-Qaeda. Nenhuma
das hipóteses foi comprovada.
A ausência de provas condizentes com a
acusação de terrorismo contra o Iraque levou George W. Bush, na época
presidente estadunidense, a uma posição delicada. A instabilidade levou a
confrontos civis entre xiitas e sunitas, a insurgência iraquiana e a presença
da Al-Qaeda. Esses fatos culminaram com a retirada de algumas tropas de países
aliados aos Estados Unidos. Especula-se que a invasão do Iraque não fora por
questões militares, mas sim econômicas. Declarações controversas revelam um
interesse do governo de Bush no petróleo iraquiano. Em 2009 uma partilha dos
poços do país foi feita e alguns países obtiveram o direito de exploração na
região. Curiosamente esses países não tinham nada em comum com a guerra, o que elimina
as suspeitas dessa tese, no entanto, a partilha enfraqueceu o Iraque como
fornecedor monopolista e formador de preços de alguns mercados. Essa talvez fosse
a real intenção da invasão, tirar o controle petrolífero de um país em regime
ditatorial. A Coréia do Norte manipula armas nucleares e possui um governo
comunista e unilateral, mas não foi invadido, talvez isto se deva ao fato de
não possuir petróleo ou riquezas minerais.
Ben Stiller e Bigelow na entrega do Oscar de 2010 |
Neste ínterim político Guerra ao
Terror surge como grito de guerra a favor da luta política e a eleva a um
patamar de heroísmo. O filme faturou os principais prêmios com um roteiro que
enfatiza o trabalho dos soldados americanos contra o terrorismo inexistente do
Iraque. Enquanto Avatar que detém ainda hoje a maior bilheteria de todos os
tempos e contando com um roteiro que, com o perdão da redundância, explora a
exploração humana de recursos naturais, obteve apenas 03 prêmios de ordem
técnica. Avatar rebate exatamente no ponto controverso da invasão do Iraque, que
teve um pretexto vago com uma finalidade que não levou em consideração os
meios.
Matt Damon em Zona Verde |
No ano seguinte, 2010, Zona Verde (Green Zone), estrelado por Matt Damon e dirigido por Paul Greengrass, mostra
o avesso de Guerra ao Terror. O personagem de Damon, Roy Miller, é líder de um
grupo de inteligência em Bagdá que busca evidências concretas que justificassem
a invasão do Iraque. Mas o cenário que descobrem desacredita toda a operação
bélica realizada pelos EUA.
Esse assunto toma força nesse momento
em que Kathryn Bigelow figura nas listas prévias do Oscar, despontando com favoritismo
com seu longa A Hora mais Escura (Zero
Dark Thirty), traz um novo roteiro político: a maior caçada humana de todos
os tempos, Osama Bin Laden. Uma premiação a este filme coroaria a gestão de
Obama e contradiria a tradição da Academia em não premiar um diretor duas vezes
em um curto espaço de tempo. Ainda que Kathryn não ganhe outros dois longas com
ambientação política concorrem: Argo, de Ben Affleck, que conta a história de
um resgate da CIA no Irã em 1979 e Lincoln, de Steven Spielberg, que retrata os
últimos dias de um dos mais importantes presidentes dos EUA.
Curiosamente Bigelow é ex-mulher de
James Cameron, criador de Avatar e de Titanic os dois filmes mais rentáveis da
história. Não gostaria que A Hora mais Escura levasse os prêmios principais, visto
que outras boas produções merecem visibilidade enquanto a política já exibe
popularidade de sobra entre os cidadãos do primeiro mundo.
Que o cinema esteja com vocês!
"Avatar"... não, obrigado. Prefiro um pouco mais de inteligência e inovação, e menos efeitos e falácias.
ResponderExcluirMas venho a concordar que o momento estava propenso para o seu argumento. O cunho da vitória foi político.
Minha opinião, tinha outros filmes ali merecedor do título.
Concordo com você que outros mereciam este título. Bastardos Inglórios era meu favorito... mas essa "política" da Academia acaba com a festa!
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