Quando tinha oito anos de idade Ben
Affleck conheceu Matt Damon, que na época tinha apenas dez anos. Daí surgiu uma
das amizades mais duradouras do cinema que lhes renderia, em 1998, o Oscar de
melhor roteiro original pelo filme Gênio Indomável. Acompanho o trabalho dos dois desde então. Affleck iniciou sua
carreira de diretor há alguns anos e chega a seu ápice com Argo. O filme tem tudo para ser um clichê, uma história forçada que
exalta o orgulho de qualquer estadunidense. O filme tem tudo para ser um
clichê... Se não fosse uma história incrivelmente real com uma direção genial.
Ben Affleck |
Argo
é meu favorito para o
Oscar e Affleck também o era como diretor antes das indicações, ou melhor, da
esnobada da Academia. O clima do filme merece destaque. A tensão impera do
início ao fim e é quebrada volta e meia por canções de rock and roll, como Dire
Straits e Led Zeppelin. Ouso comparar essa tensão com a de O Iluminado, pode parecer exagero, mas não duvido que daqui a
alguns anos Ben Affleck seja comparado a Stanley Kubrick como um dos diretores
mais injustiçados da história do Oscar. Ao menos como diretor ainda não será
nessa noite que ele triunfará e aguardarei o desfecho desse roteiro com o mesmo
interesse que despendi em Argo. Que, aliás, possui um final que incita ainda mais a realidade da história. Parecemos suar com os personagens e compartilhar da mesma aflição como se fôssemos nós na pele de cada um deles. Outro mérito à direção de Affleck o realismo cada vez mais raro nas produções cinematográficas.
O roteiro escrito por Chris Terrio que
desponta com favoritismo entre os melhores adaptados do ano de 2012, não deixa
brechas para piscar os olhos. É como ler um romance de Agatha Christie em que
cada palavra vale uma pista sobre o assassino. A abertura do filme já nos põe
no meio do turbilhão iraniano que ocorreu no fim de 1979 após a extradição do
ex-governador Mohammad Reza Pahlavi para os Estados Unidos. O povo do Irã em
represália invadiu a embaixada dos EUA, durante a invasão seis diplomatas
fugiram e se refugiaram na casa do embaixador do Canadá. Quando os rebeldes se
deram conta do desaparecimento dos diplomatas todo o país foi fechado e a
segurança redobrada, se fossem descobertos seriam torturados até a morte. Eis a
questão: como tirá-los em segurança de um país do Oriente Médio com predileções
ao terrorismo?
John Goodman |
A resposta foi dada pelo agente da CIA
Tony Mendez (Ben Affleck). Sua proposta nada convencional e completamente
ficcional sugeria a filmagem de uma ficção científica que usaria os seis
diplomatas como equipe cinematográfica da produção. E ia mais além, o renomado
maquiador e vencedor do Oscar John Chambers (John Goodman) participaria de seu
plano criando um escritório e parceiros para o longa, como o ator Lester Siegel
(Alan Arkin) que conseguiria patrocínio e propagandas para tornar toda a
proposta incrivelmente real e difícil de acreditar. Na mitologia grega Argo é a embarcação construída com a ajuda de Atena para que Jasão e os argonautas viajassem. Essa descrição mitológica não deixa de ser contextualizada no longa, não sei se por coincidência ou inspiração.
Alan Arkin |
A produção em parceria com George
Clooney, que acertou a mão após filmes em que roteirizou, como Boa Noite e Boa Sorte (2005) e Tudo Pelo Poder (2011) o qual também
produziu e dirigiu, surge como uma personalidade em ascensão, igualmente como
Affleck, que produziu, dirigiu e atuou em Argo.
A seriedade e calma de seu personagem Tony Mendez, o qual serviu de inspiração
para o roteiro com o livro Master of
Disguise: My Secret Life in the CIA, pode ser interpretada como genial ou
mediana, o certo é que sua direção está impecável e pode levá-lo a bater os
geniais As Aventuras de Pi e Lincoln, que em minha opinião são os
melhores que concorrem ao prêmio de melhor filme, além desse premio o longa concorre em outras seis categorias, entre elas melhor ator coadjuvante para
Alan Arkin. Venceu o Globo de Ouro e o BAFTA de melhor filme e diretor. Logo mais tiraremos nossas conclusões a cerca de Argo e do futuro de Ben Affleck na
cinematografia.
Confira o trailer:
E que o Oscar esteja com vocês!
Também é meu filme favorito.
ResponderExcluirAffleck cresceu muito como diretor. Só não digo que o filme é perfeito por ele ainda teimar em ser protagonista. Se ficasse somente atrás das câmeras e tivesse deixado a atuação para Damon, por exemplo, teriamos um filme inesquecível...... para sempre.
abs
Melhor filme, merecido!!!
ResponderExcluir