Definitivamente o mar não é o lugar
ideal para Tom Hanks, após passar anos em uma ilha em Náufrago o ator retoma a boa forma interpretativa em seu novo
personagem, que é justamente o melhor desde Chuck Noland, e também vive uma tragédia marítima.Captain
Phillips (Capitão
Phillips no Brasil e em Portugal) narra o ataque de piratas somalis ocorrido em
abril de 2009 contra o navio dos Estados UnidosMaersk Alabama, baseado na história real do capitão
Richard Phillips que se tornou refém do grupo em 2009 quando navegava próximo à
costa da Somália. Dirigido por Paul Greengrass (O
Ultimato Bourne), um dos atuais mestres de ação de
Hollywood, o filme vem recebendo críticas positivas e é indicado como um dos
favoritos ao Oscar de melhor ator principal e coadjuvante, com Tom Hanks eBarkhad Abdi.
Tom Hanks e Richard Phillips
A trama é extremamente tensa e bem
trabalhada. O roteiro é baseado no livro A Captain’s Dutyescrito pelo próprio Richard Phillips
e a adaptação para o cinema foi realizada pelo roteirista Billy Ray. Ambientado
quase que em sua totalidade no mar, as filmagens foram realizadas na costa de
Malta, no Mar Mediterrâneo, a bordo do Alexander Maerskum navio porta contêineres idêntico ao
Alabama e duraram 60 dias. O que mais
chama a atenção no filme é a construção dos personagens, Tom Hanks surge
metódico, respeitando todas as normas e agindo conforme se espera. Do outro
lado temos Barkhad Abdi
interpretando Abduwali Muse,
jogado ao acaso em um país desconstruído por guerras civis e corrupção, que
espera apenas um golpe de sorte para garantir o futuro de sua vida. O andamento
do filme nos mostra e nos convence que nem sempre ter um plano e seguir as
regras alcança êxito. A postura dos dois personagens retratando essas
polaridades e inversões de forma convincente é o grande chamariz da obra.
Piratas Somalis
Os opostos bem desenvolvidos por
Greengrass nos enchem de dualidade, como a praia somaliana repleta de homens em
busca do acaso e a dimensão exorbitante dos contêineres sendo içado para oMaersk
Alabama de forma
ordenada permeiam a obra e dão a sensação de uma luta entre Davi e Golias.
Somos sequestrados pela figura desconhecida e assustadora de Barkhad
Abdi que surge arrebatador na ira provocada em um povo que foi jogado ao mar em
busca de sobrevivência e é capaz de qualquer coisa para conquistar o que
almeja.
A última cena do filme é o desfecho
perfeito para o tom dualista imposto por Greengrass. Difícil dizer se o final é
feliz ou trágico. O trauma causado aos dois personagens é imensurável e a
pergunta que não quer calar é se ele poderia ser evitado ou se sua origem está
ligada à luta pela própria vida.
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