O novo filme de Lee Daniels exagera na
construção de seu personagem, a ideia de criar uma cinebiografia histórica transformou
a obra em ficção estórica, a demasia
em alterar os fatos reais em prol do personagem foi tamanha que a película pode
ser comparada com Forrest Gump sem exageros.
A história do mordomo que serviu a Casa Branca entre 1952 e 1986, é baseada em
Eugene Allen, que de semelhança com o longa só possui a cor negra e o tempo de
trabalho, praticamente todo o resto foi criado para enaltecer a obra dentro da
história. Mas até que ponto o contexto histórico é mais importante que a
própria história de quem se descreve?
Eugene Allen morreu aos 90 anos em
março de 2010, teve apenas um filho e não dois como na obra de
Daniels, sua esposa
Helene faleceu em 2008,
um dia antes da eleição presidencial que elegeria Barack Obama como o primeiro
presidente negro da história dos Estados Unidos. O roteiro escrito por Danny
Strong foi baseado em um artigo do Washington
Post de 2008, mas a importância do mordomo na história do país e os fatos
de sua própria vida foram hiperbólicos.
Forest Whitaker |
Em The Butler (O Mordomo da Casa Branca no Brasil; O Mordomo em Portugal) Gaines perde o pai cedo e abandona a mãe
mais tarde, situações que não ocorreram com Allen. Em seu trabalho na Casa
Branca ele rapidamente começa a servir os presidentes, entre eles Eisenhower (Robin
Williams), John Kennedy (James Marsden), Richard Nixon (John Cusack) e Ronald
Reagan (Alan Rickman). Ele participa de reuniões importantes da Casa Branca e é
sugerido pelo roteiro que a proximidade de Gaines com os presidentes foi além
da relação trabalhista, ele figura como amigo íntimo no qual os presidentes confiavam
alguns segredos e eram influenciados em grandes decisões pelo mordomo. A
presença de Gaines na Casa Branca foi superestimada justamente no momento em
que o povo revoltoso pela guerra contra os negros elegia Martin Luther King
como “salvador” e Gaines como agente passivo de mudanças na política dos
Estados Unidos.
Oprah e Forest |
O filme divide opiniões, enquanto
ficção The Butler funciona
perfeitamente, mas ficou extremamente carente como fonte de biografia e fatos
reais. Forest Whitaker e Cuba Gooding Jr., que vive o chefe dos mordomos de
fala rápida e cativante, destacam-se em seus papéis seguros e precisos. O filme ainda conta com um elenco estelar, mas
quem rouba a cena, sem dúvida, é Oprah Winfrey, a atriz e apresentadora
representou Helene, esposa de Gaines de forma fantástica e é uma das favoritas
para a disputa do Oscar 2014.
Confira o trailer:
Sendo ficção ou estória o filme é emocionante e decepcionante ao mesmo tempo, mas
deve agradar ao público norte americano pelo apelo patriótico e retrato
humanista de uma das mais vergonhosas épocas do país.
E que o cinema esteja com vocês!
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