Edward Davis Wood Jr. foi um sujeito
estranho interpretado em um filme homônimo por Johnny Depp, outro sujeito
estranho, tendo sido dirigido por Tim Burton, mais estranho ainda. O resultado
não poderia ser outro, uma comédia com a cara de Depp e assinada por Burton.
Assim é Ed Wood, filme biográfico do considerado pior diretor de todos os
tempos.
Wood segue a linha oposta de diretores
revolucionários no quesito efeitos especiais, como George Lucas e Georges
Méliès. Estes dois buscaram na tecnologia e nas brechas que estas propiciam:
efeitos e ilusões de ótica. Já Wood criava seus efeitos através da imagética e
utilizava qualquer coisa que se parecesse com o que ele queria filmar. Cenas
descontínuas e sem cronologia podem ser vistas em seus filmes.
Béla Lugosi e Tor Johnson
Ele foi o responsável pelos últimos
filmes de Béla Lugosi, célebre intérprete do Conde Drácula. Também é o
responsável pela inserção de Tor Johnson no cenário artístico, ator sueco
ex-lutador de luta livre que até hoje empresta sua expressão às abóboras de
Halloween. O filme de 1994, rodado todo em preto e branco, ilustra bem a
relação de Wood com seus atores. Que contou com a presença do místico Criswell,
conhecido por prever o futuro de uma forma um tanto quanto estranha, e a atriz
finlandesa Maila Nurmi, por quem Ed tinha grande obsessão, porém, ela realizou
apenas um de seus filmes e sem falas, justo o que é considerado o pior filme de
todos os tempos: Plano 9 do Espaço Sideral. Hoje em dia ele é tido como
clássico da cultura Cult e Wood tornou-se símbolo cultuado dos fãs do cinema
trash.
Tim Burton
Tim Burton é um dos admiradores de seu
trabalho, talvez por isso a Disney o tenha demitido após a gravação da primeira
versão de Frankenweenie (curta metragem) em 1984, ironicamente o filme mais
rentável de Burton surgiu após a retomada da parceria com a Disney, Alice no
País das Maravilhas faturou mais de 1 bilhão de dólares e figura entre os 20
filmes mais lucrativos da história. Se o reconhecimento de Burton veio depois
de muita batalha o mesmo ocorreu com Wood, no entanto, este já não estava vivo
para gozar de seu reconhecimento.
Wood possuía uma mania estranha, se
vestia com roupas femininas por debaixo dos paletós. Ele retratou isto em seu
filme Glen or Glenda, no qual o protagonista é vítima de um trauma de infância,
sua mãe queria uma filha, por isso vestia o filho de mulher. Ed deixa claro que
é heterossexual, mas que se sente mais confortável com trajes femininos.
Assista o filme completo:
A amizade com Béla Lugosi é um dos
pontos marcantes do filme e da vida de Ed Wood, Martin Landau recebeu o Oscar de
melhor ator coadjuvante interpretando o inesquecível Drácula. Após a morte de
Béla Wood utilizou as últimas imagens gravadas do amigo no longa Plano 9. Para
as demais cenas conseguiu um dublê, que nem era muito parecido com Lugosi, mas
o importante para Ed sempre foi a intenção. Rever Béla após sua morte é
emocionante, mesmo que o longa não inspire muita seriedade. O notório deste
longa, que se tornou o mais famoso de Wood, é a imagem do roteiro, que segue
uma linha de raciocínio semelhante ao de Avatar. Alienígenas são requisitados
para mostrar ao homem que a destruição de seus recursos naturais serve apenas
para a degradação da própria raça humana e que o crescimento econômico das
nações nada tem a ver com qualidade de vida, politicamente falando.
Ed Wood
Outro ponto de semelhança entre Burton
e Wood, além da esquisitice é uma mulher. Ed sempre admirou Maila Nurmi, que
apresentava um programa de filmes de horror, no estilo de nosso Cine Trash de
Zé do Caixão, sua personagem, Vampira, é extremamente semelhante à Elvira, que
inclusive venceu uma batalha judicial movida por Maila por plágio de
personagem. Para interpretar o papel de Vampira, Burton escalou Lisa Marie com
quem era casado na época. Hoje casado com Helena Bonham Carter, continua
escalando a esposa para a maioria de seus filmes, a exemplo de Joe Coen, que dá
papéis a sua esposa Frances McDormand para a maioria dos filmes que realiza com
seu irmão Ethan.
Ed Wood pode não ter sido um cineasta
brilhante, mas sua criatividade e imaginação o transformam
em um verdadeiro artista, pois como disse o grande Charlie Chaplin: “Num filme o
que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Expresse sua opinião: